O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a Cúpula de Líderes da COP30, em Belém, nesta quinta-feira (6), com um discurso que invocou a crença dos indígenas yanomamis para enfatizar a responsabilidade humana perante o planeta. Como primeiro chefe de Estado a falar no evento, que se estende até amanhã (7) e precede as negociações oficiais da Conferência a partir de segunda-feira (10), Lula destacou a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento mais justo, resiliente e de baixo carbono. Ele expressou a expectativa de que a cúpula contribua para “empurrar o céu para cima”, ampliando visões além do atual horizonte ambiental.
No cerne de sua fala, Lula referenciou a perspectiva dos yanomamis, povo indígena que habita a Amazônia, segundo a qual os seres humanos devem sustentar o céu para evitar sua queda sobre a Terra, o que representaria a destruição do mundo. Essa crença, popularizada pelo livro “A Queda do Céu”, publicado em 2010 pelo etnólogo Bruce Albert com base no relato do líder yanomami Davi Kopenawa, serve como metáfora para a urgência das ações climáticas. O presidente ressaltou que tal visão reconhece o poder humano de expandir horizontes, especialmente em defesa dos mais vulneráveis diante das mudanças ambientais.
A menção aos yanomamis ganha relevância diante da grave crise humanitária enfrentada pela comunidade entre 2022 e 2023, marcada por fome, doenças e os impactos do garimpo ilegal na região. Apesar das iniciativas do governo federal desde 2023 para combater os garimpeiros e prestar atendimento aos indígenas, as consequências persistem, reforçando a importância de abordagens sustentáveis discutidas na COP30.