UnB concede título póstumo a Lélia Gonzalez e propõe renomear centro em sua homenagem

A Universidade de Brasília (UnB) realiza nesta quarta-feira, às 17h, na sede da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), a cerimônia de outorga do título de Doutora Honoris Causa póstumo à historiadora e filósofa Lélia Gonzalez, reconhecida como uma das principais vozes do pensamento negro e feminista no Brasil. Paralelamente, a instituição abriu uma consulta pública para decidir se o Centro de Convivência Negra (CCN) passará a se chamar Centro de Convivência Negra Lélia Gonzalez, transformando-o em um espaço de memória dedicado à sua trajetória. A proposta, encaminhada pela diretora da Faculdade de Comunicação da UnB, professora Dione Moura, à Secretaria de Direitos Humanos e à direção do CCN, destaca o papel de Lélia na luta por ações afirmativas e no fortalecimento da juventude negra nas universidades.

Em entrevista, Dione Moura enfatizou o simbolismo do reconhecimento, afirmando que celebrar Lélia é fundamental para combater a histórica negação do lugar da mulher negra no Brasil. O professor de Filosofia da UnB, Herivelto Pereira de Souza, explicou que as iniciativas, embora distintas, convergem no reconhecimento da relevância intelectual e política de Lélia, que transitou por áreas como filosofia, história e antropologia. Já a mestranda em Filosofia Taynara Rodrigues, envolvida no pedido do título, destacou a urgência da homenagem para impulsionar a produção intelectual negra, lembrando que Lélia é apenas a segunda mulher negra a receber tal distinção na UnB, após Sueli Carneiro em 2022. O filho de Lélia, Rubens Rufino, diretor-executivo do Instituto Memorial Lélia Gonzalez, expressou o orgulho da família e reforçou o legado de militância cotidiana da mãe.

O CCN, criado como ponto de apoio para estudantes negros, é visto como um bastião de resistência e acolhimento das políticas afirmativas na UnB, alinhando-se às causas defendidas por Lélia, como o combate ao racismo e sexismo. Nascida em Belo Horizonte em 1935 e falecida em 1994, Lélia Gonzalez foi professora, antropóloga e fundadora de organizações como o Movimento Negro Unificado (MNU) e o coletivo Nzinga. Ela formulou conceitos como “amefricanidade”, influenciando o feminismo negro latino-americano. Além das ações na UnB, recentes homenagens incluem o nome dela no prédio da ONU em Brasília e um mural no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, perpetuando sua memória no espaço público.

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