Na abertura da Cúpula de Líderes da COP30, em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu a uma crença dos povos Yanomami para enfatizar a urgência da ação climática. Ele mencionou a ideia indígena de que os seres humanos devem sustentar o céu para evitar sua queda, simbolizando o fim do mundo, e afirmou que a conferência deve contribuir para “empurrar o céu para cima”. Lula criticou a falta de seriedade em relação aos alertas científicos, destacando que 2024 foi o primeiro ano com temperatura média global acima de 1,5ºC dos níveis pré-industriais, e que o planeta pode atingir até 2,5ºC até 2100, levando a perdas humanas e econômicas drásticas, como mais de 250 mil mortes anuais e encolhimento de até 30% no PIB global.
Em almoço com líderes internacionais, como o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o príncipe William, Lula lançou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa para financiar a preservação de florestas em países subdesenvolvidos, condicionada a metas de redução do desmatamento. O fundo, gerido pelo Banco Mundial, visa arrecadar US$ 25 bilhões de países soberanos, com US$ 10 bilhões ainda neste ano, além de US$ 100 bilhões de investidores privados. O Brasil contribui com US$ 1 bilhão inicial, a Noruega promete US$ 3 bilhões e Portugal, um milhão de euros. Lula ressaltou que o TFFF representa o protagonismo do Sul Global na agenda florestal e será um resultado concreto da COP30.
O presidente defendeu a criação de “mapas do caminho” para superar a dependência de combustíveis fósseis de forma justa, apesar de contradições em seu governo, como a recente autorização para exploração de petróleo na Margem Equatorial. Ele criticou forças extremistas que espalham mentiras sobre as mudanças climáticas para ganhos políticos e mencionou que recursos destinados ao clima são desviados para guerras. Lula apontou a ausência de delegações de líderes como Donald Trump, dos Estados Unidos, e Javier Milei, da Argentina, como exemplo de priorização de interesses egoístas sobre o bem comum, enfatizando que a COP30 deve ser a “COP da verdade” para encarar a realidade e mobilizar ações necessárias.